Fecoagro 50 anos: um sonho que virou realidade

Por Ivan Ramos, diretor executivo FECOAGRO

Existe uma frase tradicional que reflete a realidade do nosso cotidiano: “quem não sonha, não tem chance de tornar realidade algum projeto ou intenção”. Se rememorarmos como era o cooperativismo catarinense há 50 anos e compararmos com o que é hoje, certamente naquela época poucos sonhavam que alcançaríamos os níveis atuais.

O avanço e o desenvolvimento desse movimento associativo têm um alicerce fundamental: a união das pessoas. Para vencer obstáculos, superar crises e avançar nas atividades do dia a dia, é necessário que alguém puxe a fila da união. O cooperativismo preconiza a integração e, muitas vezes, a renúncia de interesses individuais em nome de um projeto maior para o bem comum.

No meio agropecuário, pregamos que, para o agricultor se fortalecer, é necessário integrar-se em cooperativas em busca de melhores resultados. Se para o agricultor essa é a saída, o mesmo vale para as cooperativas. Aury Luiz Bodanese já vislumbrava isso há 50 anos, quando teve a ideia de criar uma federação de cooperativas agropecuárias.

Eu estava lá, ao lado de Bodanese, como executivo de uma das cooperativas interessadas, e tive a oportunidade de participar de todos os estudos para a formação da Federação. Foi fácil? Claro que não. A visão de autossuficiência de algumas lideranças da época esbarrava na ideia do trabalho conjunto. Foram necessárias muitas reuniões, superação de desavenças e disputas de lideranças até culminar na decisão de constituir uma entidade que agregasse os interesses das cooperativas e, por consequência, dos agricultores associados.

A humildade, a persistência de propósitos e a sensibilidade política de Aury Bodanese foram fundamentais na construção da Fecoagro. No início, nem todas as cooperativas aderiram ao projeto. Apenas 15 assinaram a ata de constituição.

Já nos primeiros anos de atuação, a Fecoagro avançou em suas atividades, chegando a reunir 30 cooperativas associadas.

Com o fortalecimento das propostas de união, que a Fecoagro ajudou a estimular, diversas cooperativas se uniram por meio de processos de fusão ou incorporação, o que reduziu o número de filiadas, mas ampliou a força do sistema. Como em tudo na vida, o caminho teve espinhos. Em uma mudança de forma de atuação e troca democrática de comando, surgiram percalços e prejuízos. As cooperativas associadas, no entanto, assumiram a responsabilidade e deram um tempo para a Federação se recompor.

Nesse período, presidentes temporários assumiram o comando para regularizar a situação financeira. Superados os problemas, Bodanese retornou e deu nova dinâmica às ações da Fecoagro. Novos negócios surgiram, o mundo econômico mudou e a Federação se adaptou à nova realidade.

De 1993 para cá, novos dirigentes assumiram a gestão, mantendo a linha de atuação deixada por Aury Bodanese. Hoje, pode-se afirmar que só houve avanços e a Fecoagro conquistou credibilidade nos meios cooperativistas de Santa Catarina e do Brasil.

Há o que melhorar? Evidentemente que sim. O planejamento estratégico, atualizado a cada cinco anos, com a participação direta das cooperativas filiadas, tem sido o norte da Federação.

A realidade é que, 50 anos depois da sua constituição, a Fecoagro se tornou referência em termos de união, integração e intercooperação. Todos reconhecem isso? Também não. Mas, partindo do princípio de que toda unanimidade é burra, acredita-se que a Fecoagro está no caminho certo, cumprindo seus propósitos.

A Federação procura tratar todos com igualdade, devolvendo os resultados de forma proporcional à participação de cada cooperativa. Tratar desiguais em igualdade de condições, sem prejudicar ninguém ou ferir suscetibilidades, é uma conquista reservada a quem tem 50 anos de experiência e de vida. A Fecoagro faz isso com maestria. Pense nisso!

Fonte: Fecoagro